O silêncio antes da trombeta

Poucos temas atravessam tantas gerações e corações quanto a promessa da volta de Jesus Cristo. Para milhões de cristãos, essa não é uma hipótese distante: é uma certeza absoluta, embora envolta num mistério que nem o tempo ousa decifrar. O que a Bíblia diz sobre isso? Estamos vivendo os tais “últimos dias”? Por que há tanto silêncio celestial quando a expectativa aqui embaixo parece aumentar?

A teologia cristã, sobretudo a do ramo que estuda as últimas coisas, não apresenta a volta de Cristo como um espetáculo, mas como o desfecho de uma história de amor entre Deus e a humanidade. Em diversas passagens, Jesus fala sobre sinais: guerras, rumores de guerras, crises morais, esfriamento do amor. Mas alerta também: “Ninguém sabe o dia nem a hora.” Ou seja: não é sobre quando, mas sobre como estamos vivendo enquanto esperamos.

Em tempos de ansiedade coletiva, crise ambiental, colapso espiritual e redes sociais que amplificam o caos, é compreensível que o coração humano anseie por uma resposta definitiva. Mas talvez o silêncio de Deus nesse aspecto não seja ausência, e sim convite. Convite para olhar para dentro. Para nos prepararmos não como quem arruma a casa para visita, mas como quem deseja morar com o próprio Cristo.

A promessa da volta de Jesus não é, para a fé cristã, uma ameaça apocalíptica, mas uma esperança restauradora. Ele virá, dizem as Escrituras. E eu também creio! E talvez o maior sinal de que Ele está perto não seja o colapso do mundo, mas o desejo ardente de recomeçar que brota em cada um de nós. A espera, então, é sagrada. E a preparação, mais íntima do que espetacular.

Por isso, quando falamos sobre a volta de Jesus, falamos também sobre escolhas diárias, gestos pequenos, perdões difíceis, abraços dados, palavras que curam. Porque talvez, quando o som da trombeta finalmente ecoar, não haja susto, apenas o reencontro com quem já caminhava ao nosso lado o tempo todo. E será como um piscar de olhos.