O território invisível da liberdade

Há espaços que ninguém pode ocupar por nós: nem o medo, nem o poder, nem o afeto. Nossa liberdade é inegociável.

Liberdade é um território que ninguém herda, e que ninguém pode cercar. É um chão invisível sob nossos passos, onde cada escolha é uma bandeira fincada: às vezes tremulando sozinha, às vezes balançando ao vento da contradição. Há quem confunda zelo com posse, cuidado com controle. São fronteiras delicadas: basta um gesto mal interpretado e o outro acredita que o direito de te guiar também lhe dá o direito de te limitar. Mas o coração de quem é livre não cabe em muros.

Existem pessoas que acham que podem decidir quando você floresce. Que dizem: “agora não”, como se o tempo da vida fosse um relógio de ponto. E, no entanto, há instantes em que a alma simplesmente se rebela: não por insolência, mas por sobrevivência. Porque há uma diferença abissal entre obedecer por respeito e se calar por medo. A primeira mantém o vínculo. A segunda o destrói.

A liberdade é silenciosa. Ela não grita quando é ferida… apenas vai cansando e se afasta. E, quando se afasta, leva consigo o brilho do que poderia ter sido: parceria, confiança, caminho comum. É um movimento quase imperceptível, mas irreversível. Quem tenta segurá-la com força demais acaba segurando apenas o ar.

Talvez por isso seja tão difícil lidar com ela: porque a liberdade do outro é sempre um espelho da nossa própria insegurança. E quando o reflexo incomoda, o impulso é apagar o espelho. Mas há algo que não se apaga: o direito inegociável de ser. De existir. De se relacionar. É nisso que mora o verdadeiro respeito: na capacidade de deixar o outro ser inteiro. E isso é inegociável.

Alessandro Lo-Bianco

Fui repórter da Editora Abril, O Dia, Jornal O Globo, Rádio CBN e produtor executivo dos telejornais da Record. Estou ao vivo na RedeTV!, como colunista de TV do programa “A Tarde é Sua”, com Sônia Abrão. Também sou colunista do portal IG (lobianco.ig.com.br). Tenho 11 livros publicados e 17 prêmios de Jornalismo.

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