“Vai trabalhar, vagabundo!”

Eduardo Bolsonaro volta a ameaçar, dessa vez, deputados e senadores com lei Magnetisky. Perda de cargo e prisão do golpista já virou caso de honra nacional

A reação de Renan Calheiros ecoa como um raio na cena política brasileira: “vai trabalhar, vagabundo”, respondeu as novas ameaças feitas pelo golpista Eduardo Bolsonaro. Não se trata de mero insulto, mas de um diagnóstico certeiro sobre a degradação de um mandato que se converteu em trincheira contra o próprio país. Quando um deputado federal, eleito para legislar em defesa dos interesses da nação, passa a ameaçar autoridades brasileiras pedindo sanções de outros países contra o Brasil, não estamos mais diante de uma divergência política legítima. Estamos diante da sabotagem. Estamos diante de um inimigo da pátria.

Eduardo Bolsonaro revela-se um espécime raro e perigoso: o parlamentar que conspira agora contra o seu próprio parlamento. Se a maioria não aceita suas ordens, é Lei Magnetisky. Mais do que um “vagabundo” sabotador, Eduardo mostra sua capacidade ditatorial. O seu projeto de poder não é legislativo, é familiar e destrutivo. Ao evocar agora sanções contra deputados e senadores, ele prova que seu problema não é Alexandre Moraes, mas qualquer um que ousa contrariar a família. Para intimidar deputados e senadores divergentes, o filho do ex-presidente agora não apenas expõe ignorância jurídica, mas também desnuda sua vocação antidemocrática. O que está em jogo, portanto, não é apenas a retórica inflamada de um deputado folclórico, mas a corrosão das instituições por meio da intimidação e da chantagem de um “vagabundo” golpista.

Renan Calheiros, ao chamá-lo de vagabundo, acerta na palavra e na pedagogia política. Vagabundo não é aquele que se abstém de trabalhar, mas aquele que trai o trabalho que lhe foi confiado. A função de um parlamentar é fortalecer a democracia, criar pontes de diálogo e legislar em benefício do povo. Quando essa função é pervertida em uma cruzada contra a própria pátria, estamos diante de uma vagabundagem de alto calibre, que exige resposta firme e categórica.

A democracia se sustenta em pactos mínimos de lealdade às instituições. Sem esses pactos, não há Estado de Direito, mas apenas o caos da disputa pessoal maquiada de política. É nesse sentido que Eduardo Bolsonaro não pode ser relativizado, perdoado ou normalizado: ele representa uma ameaça sistêmica ao Brasil. Ao pedir sanções contra o Brasil, ele ultrapassa a fronteira da liberdade de expressão e ingressa no território da delinquência política.

Por isso, caçar o mandato e prender Eduardo Bolsonaro deixou de ser apenas uma alternativa jurídica: tornou-se uma questão de honra nacional. Não há democracia possível quando um deputado atua como sabotador interno, advogado do caos e promotor da humilhação internacional do Brasil. A resposta precisa ser dura, clara e exemplar. Como disse Renan, é hora de mandar trabalhar o vagabundo, e se ele insiste em vagabundear contra o país, que arque com as consequências de sua própria escolha vagabundando atrás das grades.

Alessandro Lo-Bianco

Fui repórter da Editora Abril, O Dia, Jornal O Globo, Rádio CBN e produtor executivo dos telejornais da Record. Estou ao vivo na RedeTV!, como colunista de TV do programa “A Tarde é Sua”, com Sônia Abrão. Também sou colunista do portal IG (lobianco.ig.com.br). Tenho 11 livros publicados e 17 prêmios de Jornalismo.

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