O avanço silencioso das camas e quartos separados entre casais modernos desafia o ideal romântico do “juntos até no travesseiro”. Estar distante à noite significa estar distante na relação?
Há um novo sintoma nos relacionamentos contemporâneos que anda se espalhando com discrição de segredo: a opção por camas, e até quartos, separados entre casais. O motivo declarado? Preservar a qualidade do sono, a saúde mental e o bem-estar individual. Mas por trás do argumento higienista e aparentemente racional, se esconde uma pergunta incômoda que ainda hesitamos em fazer: estamos dormindo melhor… ou apenas dormindo longe um do outro porque não queremos mais encarar a intimidade?
Durante décadas, dormir junto era a metáfora máxima do amor. Enroscar as pernas, dividir o edredom, sentir o calor do outro, tudo isso parecia validar o vínculo. Hoje, a lógica é outra: se o ronco atrapalha, se o movimento incomoda, se a insônia de um arrasta o outro para o inferno, então cada um que vá para seu inferno, ops, seu canto. Mas será que o incômodo do outro à noite não é, também, um espelho do incômodo que evitamos olhar durante o dia?
Não se trata de moralismo nem de nostalgia do casal “comercial de margarina”. Trata-se de encarar o fato de que estamos, pouco a pouco, ressignificando a intimidade. O quarto, antes santuário da conjugalidade, vira agora espaço de autonomia. Mas será que esse distanciamento físico não está empurrando os casais para uma solidão confortável demais? Quando dormir separado deixa de ser exceção e vira norma, é legítimo perguntar: vocês acham que esse fenômeno revela maturidade e evolução nas relações ou é só mais um sinal de que o romantismo morreu sufocado sob travesseiros individuais? Opine nos comentários, de preferência, sem roncar, na moral…
