Voo retorna por causa de mensagem no celular e… a película fosca?
Se esse voo tivesse saído do Brasil, e digo mais: do aeroporto de Congonhas, ali numa ponte aérea com o Galeão, jamais teria voltado por causa de um “RIP” no WhatsApp. Muito provavelmente, o passageiro teria respondido “amém”, baixado o encosto da poltrona e seguido o cochilo sem nem perceber a comoção. Mas lá em San Juan, Porto Rico, um simples “descansa em paz” foi suficiente para fazer um avião dar meia-volta, deixar passageiros ansiosos e mobilizar até o Escritório de Explosivos.
Claro, a gente respeita o medo. Segurança vem sempre em primeiro lugar. Mas veja: um SMS, uma notificação, uma sigla, e pronto! Alguém interpretou como ameaça. Volta pro aeroporto, interrompe o serviço de bordo, cancela a maratona de série no monitor do assento… e tudo porque o celular alheio estava, digamos, com brilho demais. Nada contra a vigilância, mas será que uma película fosca de 15 reais ali do centro de São Paulo não teria poupado tanto estresse?
A verdade é que o mundo anda num nervo só, e a nossa hiperconexão está deixando todo mundo mais sensível do que Wi-Fi de cafeteria. Cada ícone piscando pode parecer um código secreto. E, com razão, todo cuidado é pouco em tempos tão doidos. Mas há um meio-termo entre vigilância e paranoia, e ele geralmente se chama contexto. RIP pode ser uma ameaça? Pode. Mas pode também ser só um lembrete de que até os boletos merecem paz.
No fim, ninguém se machucou, o voo seguiu, e a história virou post. Viralizou! E é só por isso que a gente se permite brincar aqui. Porque a tragédia, graças aos céus, foi só logística. Fica o aprendizado: se você vai escrever “RIP”, talvez seja melhor pegar o busão. Eu já falei dela na coluna anterior…
