EUA recuam por furacão na Venezuela: falarei novamente do Cacique Cobra Coral

Entidade do tempo avisou que não cuidaria mais de Trump; o furacão climático agora é assunto para quem continua rindo dos seus alertas

Os Estados Unidos anunciaram um recuo estratégico em relação à Venezuela, alegando a aproximação de um furacão. A notícia correu o mundo, mas ninguém pareceu reparar em um detalhe crucial: o cacique Cobra Coral, entidade do tempo com escritório informal no além, já havia avisado que não assumiria mais a responsabilidade pelo clima americano. A decisão foi tomada após o tarifaço de Trump, que, segundo o cacique, desorganizou até o calendário das chuvas.

Há meses venho alertando: o cacique existe, atua, e não gosta de ser subestimado. Enquanto muita gente ri e debocha, ele vem mexendo as correntes de ar, desviando temporais e até segurando trovão para não assustar cachorro. Agora, cansado da soberba norte-americana, anunciou que deixará os EUA ao sabor da própria meteorologia. Em tradução livre: que se virem.

Trump, que já trocou meteorologistas por generais, foi surpreendido com a saída espiritual do cacique. Fontes do além relatam que o cacique considerou “um insulto” usar um tarifaço diplomático. Se é para mentir, que mintam direito; se é para culpar a natureza, que ao menos peçam licença. A resposta foi curta e grossa: “Não sou babá de império.”

O que parecia piada agora assume contornos de ironia cósmica. Sem a supervisão do cacique, tempestades tropicais transformam Miami em aquário, secas bíblicas ameaçam engolir Texas e até Nevada corre risco de virar poeira de cassino. O planeta observa, com aquele riso nervoso que mistura deboche e medo: afinal, rir do cacique é fácil, até que ele resolva largar a corda dos ventos.

E aqui insisto, mais uma vez: zombaram dos meus textos, fizeram pouco caso do cacique, riram dos avisos. Pois bem, agora que os Estados Unidos estão oficialmente sem cobertura espiritual contra furacões, talvez entendam que a brincadeira tinha um fundo de verdade. Talvez seja melhor recuar do litoral venezuelano, ou avançar com muita reza e cautela. Porque quando o cacique Cobra Coral abandona um país, o guarda-chuva não é suficiente é preciso, sim, rezar. Depois, não diga que eu não avisei…

Alessandro Lo-Bianco

Fui repórter da Editora Abril, O Dia, Jornal O Globo, Rádio CBN e produtor executivo dos telejornais da Record. Estou ao vivo na RedeTV!, como colunista de TV do programa “A Tarde é Sua”, com Sônia Abrão. Também sou colunista do portal IG (lobianco.ig.com.br). Tenho 11 livros publicados e 17 prêmios de Jornalismo.

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