Estava aqui, mas também ali: o mistério dos corpos duplicados

Relatos de bilocação desafiam a lógica e nos fazem perguntar quando alguém é visto em dois lugares ao mesmo tempo: é o mundo que falha, ou somos nós que não damos conta dele?

De tempos em tempos, a realidade escorrega pelas frestas. E quando isso acontece, surgem relatos curiosos, quase poéticos, quase assustadores: alguém jura ter visto a professora no supermercado às 18h15, enquanto outra testemunha garante que, no mesmo minuto, ela dava aula ao vivo na sala ao lado. Casos assim? Relatos conhecidos como bilocação estão desafiando a lógica, a física e o bom senso. E talvez por isso mesmo fascinem tanto.

Não são fenômenos novos. Santos medievais já eram acusados de “estarem em dois lugares ao mesmo tempo”. Mas o que era milagre antes, hoje é suspeita de bug na Matrix. Em tempos de simulações digitais, deepfakes e metaversos engatinhando, a pergunta muda: será que estamos mesmo vendo o que vemos? Ou será que a realidade é só um arquivo corrompido de tempos em tempos?

A bilocação cutuca algo profundo: o nosso desejo de estar em mais de um lugar, de ser mais de uma coisa, de ter mais de uma vida. Talvez a fantasia de nos multiplicarmos não seja tão distante assim e a mente coletiva apenas projeta o impossível como um erro no sistema. Ou, em uma leitura mais ousada, talvez o sistema esteja funcionando perfeitamente… e nós é que ainda não temos linguagem pra decifrá-lo.

Seja delírio coletivo, memória falseada ou evento paranormal, o certo é que esses casos nos lembram de uma coisa: a realidade não gosta de ser levada tão a sério. Às vezes, ela escapa, dobra, repete. E nessas falhas misteriosas, o impossível sorri discretamente. Como se dissesse: “Vocês ainda acham que já entenderam tudo?”

Alessandro Lo-Bianco

Fui repórter da Editora Abril, O Dia, Jornal O Globo, Rádio CBN e produtor executivo dos telejornais da Record. Estou ao vivo na RedeTV!, como colunista de TV do programa “A Tarde é Sua”, com Sônia Abrão. Também sou colunista do portal IG (lobianco.ig.com.br). Tenho 11 livros publicados e 17 prêmios de Jornalismo.

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