A cada passo do Judiciário, Michele Bolsonaro responde com um versículo bíblico e desafia todos a interpretarem um programa eleitoral em eventual candidatura com referências sagradas
No salão do debate presidencial, o ambiente está sério: César Tralli abre o último debate na Globo, até que a primeira pergunta explode no silêncio: “Candidata, quais são suas prioridades nas contas públicas?” Michele se ajeita, abre o celular, e na tela surge o story: “Isaías 10:12”.
Silêncio absoluto. Os assessores cochicham: esse versículo fala sobre o orgulho que precede a queda, algo como sugerir que o sistema já está arrogante demais… ou que ela está preparada para corrigi-lo com leveza divina. Tralli, ainda processando, emenda: “E os planos econômicos, o que muda para o cidadão?”. Mais um toque no story e aparece pelas mãos de Michele: “Jó 11:13”. Os especialistas cochicham: esse conselho fala em preparar o coração e estender as mãos, ou seja, talvez a solução venha de compreensão, empatia e entrega espiritual, em vez de tabelas e previsões.
Outro candidato tenta: “E na educação? O que podemos esperar da senhora nesse setor?”. O story se ilumina: “Provérbios 4:7”. A plateia ri, um repórter sussurra: “o primeiro passo é buscar sabedoria, e com tudo que tens, adquira entendimento”, ou seja, ela sugere que o sistema precisa aprender antes de ensinar, que o país precisa pensar mais com o coração e menos com planilhas.
No fim, a rodada segue: segurança com “Salmos 144:1”, meio ambiente com “Gênesis 1:29” — diálogos em que os interrogadores ficam esperando uma proposta, mas recebem um convite à reflexão bíblica, interpretado por cada um ao seu modo. Afinal, quem precisa de plano de governo quando se tem a Bíblia como guia? O resultado é um debate que parece mais sermão do que campanha. Ou campanha do que sermão. Sei lá…
