Quando o caldo entorna para pastores e afins, o Estadão começa a gritar… Mas a saudade pelo ataque à democracia não é de hoje… Vamos lembrar…
Hoje despertei atônito diante do editorial truculento e distorcido do Estadão, que leva uma foto de Tarcísio, como o melhor candidato do jornal à presidência. Ninguém é burro. Um editorial que, sob a pretensão de verdadeira defesa do Brasil, envereda por falsidades que minam o próprio país. Como estudioso da História não posso consentir em ver um veículo tão influente tramar, sob o verniz do jornalismo, a corrosão dos fundamentos democráticos. É curioso, e deplorável, como certos jornais se vendem como paladinos da liberdade enquanto reeditam velhos vícios autoritários que cometeram.
Não se trata apenas de uma mentira ocasional, mas de uma cultura editorial persistente. O Estadão apoiou o golpe de 1964, o celebrou como uma “revolução legítima”, e somente rompeu com o regime quando este revelou sua face mais brutal nos Atos Institucionais, especialmente o AI-2 e, mais tarde, o AI-5 . Esse apoio inicial não foi um acaso, mas parte de uma visão política que corroborou para morte dos próprios profissionais da imprensa.
E esse rompimento foi, na prática, uma encenação. Em 1968, ainda sob a ditadura, o Estadão endossava a censura contra movimentos artísticos, considerando a limitação dos excessos morais como algo justificável. Isso revela uma contradição flagrante: proclama-se luta contra a censura, mas apoia-se sua aplicação seletiva, conforme conveniência ideológica.
É evidente que esse tipo de editorial, que mente falando em nome do “Brasil”, como o Estadão faz hoje, repete esse comportamento porque não aprenderam nada com os erros do passado. A hipocrisia se reflete no ataque a nomes que se negaram à celebração de figuras ligadas ao regime militar e na defesa de modelos autoritários, recusando hoje uma autocrítica sincera. Isso deriva de raízes profundas: interesses econômicos aliados a concepções conservadoras e autoritárias que, historicamente, veem a democracia como incômoda ou suspeita sempre que confronta privilégios. Coincidentemente, quando se aperta o calo de um pastor poderoso, o Estadão passa a gritar! Por que será?
Portanto, é hora de chamar o Estadão à lucidez: ou o jornal aprende a servir verdadeiramente à democracia, com transparência e senso de Estado, ou continuará a sabotar seus próprios propósitos. Afinal, um jornal que se arvorou em defensor da liberdade, mas colaborou com a Ditadura e com instituições autoritárias, não pode, com leveza moral, evocar um parágrafo em ‘nome do Brasil’ sem ter confrontado seu próprio passado. Em 64, a chamada de capa do Estadão foi: “Brasil não aguenta mais a democracia”. A mesma tática que fizeram hoje, com uma mentira lavada, sem dados, sem números, com o tal do “Brasil não aguenta mais.” O Brasil aguenta sim Estadão. O que o Brasil não aguenta é um novo golpe na democracia com o apoio de vocês. Saudades, né?
Nesse caso, não culpem meus argumentos pelo tom severo: se a inércia golpista persiste, impõe-se aqui a intransigência.

Cara, o Estadão nao tem jeito. Nasceu na República Velha sempre defendendo os interesses dessa elite atrasada. Liberal na sua essência, foi contra a abolição e sempre contra o Brasil. Enquadrar quem já nasceu quadrado, parece impossível.