A batida que embalou minha vida e amizades: Matt Cameron se despede do Pearl Jam

Após 27 anos como baterista da banda, Matt Cameron anuncia sua saída do Pearl Jam e deixa uma marca eterna na trilha sonora de toda uma geração

Matt Cameron anunciou nesta segunda-feira (7) sua saída do Pearl Jam, encerrando um ciclo de quase três décadas como baterista da banda. Em uma postagem nas redes sociais, o músico de 62 anos escreveu: “Após 27 anos fantásticos, dei meus passos finais na plataforma da bateria do poderoso Pearl Jam.” O comunicado, embora breve, carrega um peso emocional imenso para todos que cresceram ao som da banda e fizeram da música de Cameron parte fundamental de suas vidas.

É impossível pensar na formação do Pearl Jam desde o fim dos anos 1990 sem associá-la ao ritmo firme e criativo de Matt Cameron. Embora não tenha integrado a banda desde o início, sua chegada em 1998 trouxe a estabilidade que o grupo precisava após mudanças constantes de bateristas. Seu primeiro registro em estúdio foi o álbum Binaural, de 2000, um marco sonoro que se tornou referência para muitos fãs, inclusive eu, que encontrei ali não apenas músicas, mas refúgios emocionais.

As canções do Pearl Jam, com suas camadas densas, letras profundas e a percussão segura de Cameron, fizeram parte de momentos cruciais da minha juventude. Foram trilhas para descobertas, despedidas, amores e angústias. Quantos e quantos churrascos!! A batida precisa de “Light Years”, a intensidade de “Go”, a introspecção de “Nothing As It Seems”… Cada uma delas tem uma memória colada à pele. A música tem esse poder: ela registra o que somos quando o mundo parece nos atravessar. E Cameron foi parte essencial dessa narrativa.

O Pearl Jam, em comunicado oficial, agradeceu a Cameron por sua contribuição vital à banda: “Matt Cameron foi um músico e baterista singular. Ele impulsionou os últimos 27 anos dos shows e gravações do Pearl Jam.” A banda, no entanto, não mencionou quem o substituirá. Cameron, que também integrou o Soundgarden e a lendária Skin Yard, é um símbolo vivo do grunge que emergiu de Seattle e conquistou o mundo, incluindo aqueles que, como eu, ouviram sua música do outro lado do hemisfério, no Brasil.

Hoje, fica o sentimento agridoce de despedida. Mas também a imensa gratidão por tudo que Matt Cameron nos deu: não apenas ritmo, mas direção. Não apenas canções, mas sentimentos. A ele, deixo meu mais sincero obrigado por ter sido, por todos os meus amigos também, por tantos anos, parte da trilha sonora das nossas vidas.

Alessandro Lo-Bianco

Fui repórter da Editora Abril, O Dia, Jornal O Globo, Rádio CBN e produtor executivo dos telejornais da Record. Estou ao vivo na RedeTV!, como colunista de TV do programa “A Tarde é Sua”, com Sônia Abrão. Também sou colunista do portal IG (lobianco.ig.com.br). Tenho 11 livros publicados e 17 prêmios de Jornalismo.

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