Sanções de Trump e proteção a Bolsonaro têm prazo de validade: 2028

Trump aposta em medidas contra o Brasil que não resistirão ao próximo governo americano e nem ao tempo

A recente decisão do governo Donald Trump de revogar os vistos diplomáticos de autoridades brasileiras, em retaliação à aproximação do Brasil com adversários geopolíticos dos EUA, tem provocado debates acalorados. No entanto, a medida soa mais como um gesto de vaidade e revanchismo do que como uma sanção de efeito duradouro. É preciso lembrar que essa decisão só terá validade enquanto Trump ocupar a presidência, e esse tempo está com os dias contados.

A legislação americana garante ao presidente poderes executivos amplos em política externa, mas não irrevogáveis. A eventual saída de Trump da presidência, algo certo diante da sua impossibilidade de reeleição de acordo com as leis americanas, e que se estende ao seu partido diante de sua rejeição crescente, torna previsível a revisão dessas revogações. O impacto real da medida sobre os ministros brasileiros é temporário e político e não afetará substancialmente suas funções no cenário internacional, tampouco sua imagem diplomática. Estamos diante de um ruído que não se sustentará na próxima administração americana.

Mais do que isso: é preciso considerar que Trump já esgotou seu único mandato possível, de acordo com a Constituição dos Estados Unidos. Ele não poderá se reeleger e embora flerte com estratégias políticas para se manter no poder através de aliados, analistas indicam que ele não tem capital político para eleger um sucessor de confiança diante de tantas crises no seu próprio país. As recentes pesquisas mostram um descontentamento massivo da população americana, inclusive entre antigos eleitores republicanos.

O mundo também assiste, com desconforto, ao isolamento dos EUA sob Trump. Sua retórica agressiva, seus ataques a instituições democráticas e seu nacionalismo extremado minam sua credibilidade internacional. São artifícios de um líder que tenta mostrar força num cenário em que nenhum presidente americano dará continuação.

Cabe ao Brasil responder com firmeza, mas sem alarmismo. A diplomacia brasileira tem tradição de resiliência e equilíbrio, e é com essa postura que deve encarar esse episódio. Em breve, as portas que Trump tenta fechar com teatralidade serão reabertas por um mundo que não o quer mais como protagonista. A história já começa a virar a página e a retaliação contra autoridades brasileiras, no fim das contas, será apenas uma nota de rodapé. Uma nota de rodapé tão significativa quanto os extremistas que gritam aqui nos comentários.

Alessandro Lo-Bianco

Fui repórter da Editora Abril, O Dia, Jornal O Globo, Rádio CBN e produtor executivo dos telejornais da Record. Estou ao vivo na RedeTV!, como colunista de TV do programa “A Tarde é Sua”, com Sônia Abrão. Também sou colunista do portal IG (lobianco.ig.com.br). Tenho 11 livros publicados e 17 prêmios de Jornalismo.

LEIA MAIS

Alexandre de Moraes, faça as malas: Maragogi espera!

Quando ela chegou, eu voltei! Coração entre quatro patinhas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *