Se os EUA impuserem tarifa de 50% sobre produtos, as consequências econômicas e geopolíticas serão devastadoras: o Brasil perde mercado, e o desemprego baterá à porta do próprio agronegócio
A ameaça de Donald Trump de impor uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros não é apenas retórica eleitoral: é um alerta que, se concretizado, a medida significaria um baque profundo nas exportações brasileiras, principalmente de commodities como aço, alumínio, celulose, café e produtos agrícolas. Os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, e uma ruptura abrupta neste eixo pode gerar um efeito dominó na economia nacional.
O impacto direto seria a queda brusca no volume de exportações. Indústrias inteiras ficariam sufocadas por estoques encalhados, redução de receitas e demissões em massa. O agronegócio, um dos pilares da economia brasileira, seria duramente atingido. A soja, o suco de laranja e a carne bovina, que têm nos EUA um destino estratégico, se tornariam produtos inviáveis no mercado americano. Isso pressionaria ainda mais o dólar, alimentando a inflação e corroendo o poder de compra do brasileiro médio.
Mas as consequências não param na economia. A decisão de Trump teria efeitos geopolíticos graves. O Brasil se veria obrigado a buscar novos parceiros às pressas, muitas vezes em posições desvantajosas. A tentativa de reverter as tarifas exige uma diplomacia firme e autônoma, algo que o governo brasileiro precisará manter de pé.
Internamente, o cenário também seria de alta tensão. O impacto da retração econômica nas exportações afetaria diretamente o emprego e a arrecadação de impostos, limitando a capacidade do governo de investir e responder às demandas sociais. Os estados exportadores sofreriam mais, aprofundando desigualdades regionais. Em um país já polarizado politicamente, o protecionismo norte-americano pode ser o estopim para mais instabilidade com manifestações, radicalização ideológica e perda de confiança no sistema político.
Em resumo, uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros seria uma bomba-relógio ativada na balança comercial do país. Mais do que uma questão econômica, trata-se de um desafio estratégico que exige agora posicionamento firme, articulação diplomática e preparo técnico para responder a um mundo onde as regras do livre-comércio estão sendo reescritas a cada eleição.
