Anitta afina o rosto, expõe tendência, e mulheres que fizeram harmonização para um rosto mais quadrado se arrependem
A moda sempre foi cíclica. O que hoje é cafona, amanhã pode voltar glorioso às passarelas. Ombreiras, calças de cintura baixa, crochê, mullets, todos têm seu momento de redenção. Mas diferente das roupas, que podemos tirar, guardar e resgatar conforme o vento sopra em Paris ou Milão, o mesmo não vale para o nosso próprio rosto. E é aí que começa a encrenca. Porque, ao contrário de uma blusa, uma mandíbula não sai da gaveta quando a tendência muda.
Basta olhar as fotos de algumas famosas de cinco anos atrás: a obsessão era pelo “rosto grego”. Mandíbula marcada, queixo projetado, traços que nem a genética entregou, mas que a harmonização compensava com zelo. Muita gente correu para conquistar o tal “rosto de milionária de Dubai”, um visual que, ironicamente, agora já soa datado. A tendência da vez é outra: rostos afinados, leves, com contornos mais suaves. Só que não dá para desinjetar uma mandíbula da mesma forma que se troca um look. O processo que Anitta realizou ainda é caríssimo! E agora, o que era sinônimo de beleza virou sinal de que alguém está preso no tempo. E já tem algumas mulheres se manifestando na internet sobre seus arrependimentos.
E assim como os maxilares inflados do passado recente, os dentes excessivamente brancos também começam a entrar em declínio. As lentes de contato dentais, que deixaram milhares com sorrisos de dominó, agora estão sendo revistas. A estética dental caminha para tons mais naturais, menos artificiais, mais humanos. Só que, para quem optou por versões definitivas, o “voltar ao natural” não é mais uma opção. A natureza foi lixada, moldada e coberta. Diferente da maquiagem, lente de contato não sai com demaquilante.
A estética, que sempre vendeu a promessa da liberdade individual, parece estar construindo novas formas de prisão. Porque a nova tendência pode até ser “naturalidade”, mas ela chega tarde demais para quem já fez cinco sessões de preenchimento e não consegue mais sorrir sem parecer que está levando uma anestesia. Numa sociedade onde o rosto se tornou um acessório permanente, o problema é que não dá para trocar de feição como se troca de batom.
Talvez por isso o rosto da Anitta seja tão emblemático: ele muda, acompanha a moda, mas nos lembra que toda mudança tem um custo, e nem sempre há caminho de volta. Na dúvida, talvez seja melhor seguir o velho conselho da vovó sobre roupa: “compra, mas pensa se você vai usar daqui a cinco anos”. Porque com o rosto, meu bem, não tem brechó que resolva.
