Apelos por ações externas sem evidências, provas, ou direito a defesa são ouvidos em todo o País como mais uma traição nacional. Surto de Flávio sobre o Rio de Janeiro é feito de forma confortável e tem um motivo: ele viu o irmão, golpista e lesa-pátria, absolvido pelo Conselho de Ética da Câmara. A traição à pátria foi validada.
Senador Flávio Bolsonaro, ao sugerir, de forma irresponsável, sem uma vírgula de prova, que os Estados Unidos bombardeiem “barcos no Rio de Janeiro”, com base em suspeitas informais, revela algo muito grave: a disposição de entregar a segurança nacional ao arbítrio do Tio Sam. Não se trata de debate diplomático: é convite para uma intervenção militar externa que fere o princípio mais básico de qualquer Estado soberano: a exclusividade do uso legítimo da força dentro do seu território.
Esse tipo de apelo é, política e moralmente, um crime contra a dignidade da República. Ao propor que forças externas podem resolver “problemas internos” sem fiscalização, sem o devido processo, sem evidências, ele subverte os próprios pilares do direito liberal: aquilo que nos distingue como cidadania: o contraditório, a defesa, o processo legal é simplesmente descartado. Derrubar navios “suspeitos” sem julgamento é isso: jurisdição convertida em execução sumária, com réus que não sabem que são réus.
É cristalino que Flávio e Eduardo nasceram com o monopólio legítimo da coerção. O pai deles só não os ensinou que, se você delega esse monopólio a outro Estado, ainda por cima estrangeiro, está renunciando à própria soberania. Esses discursos extremistas buscando uma guerra real não são “radicais de direita” ou “exageros retóricos”: são dissolução ativa das fronteiras jurídicas do Brasil, são sinais claros de que alguns mandatários pensam seu país como fiado, e não patrimônio nosso, dos brasileiros.
A sociedade e a Justiça não deve aceitar que a política seja conduzida por entreguistas que falam e agem como se nossa pátria fosse franquia. É preciso denunciar e gritar que, QUANDO VOCÊ PEDE INTERVENÇÃO EXTERNA, VOCÊ PEDE PARA SER COLONIZADO NOVAMENTE! Eles alimentam narrativas coloniais como: “olha, precisamos de tutela americana para sobreviver.” É insulto direto à memória histórica de independência do Brasil, e da autodeterminação de nosso povo.
É tempo de repetir de modo absoluto: mandatos não dão licença para traição à nação. Se não há prova, não existe legitimidade. E se não há legitimidade, não há mandato digno de respeito: por ninguém, em lugar nenhum.
