Prefeito que já duelou com Crivella agora se declara, em alto e bom som, aliado de Silas Malafaia. Milagre? O vídeo é um registro perigoso que, certamente, poderá comprometer Paes futuramente…
O Rio de Janeiro já viu de tudo, mas Eduardo Paes conseguiu acrescentar um novo capítulo à longa lista de surpresas da política carioca. Ao microfone, em pleno entusiasmo, o prefeito decidiu gritar sua solidariedade a Silas Malafaia: sim, o mesmo Malafaia que você ai conhece. O resultado foi imediato: o queixo do carioca caiu. Houve quem corresse para as redes sociais apenas para confirmar se havia escutado direito. E escutou. Claramente, escutou.
O mais curioso é que Paes construiu parte de sua imagem política como contraponto a Crivella, fazendo oposição dura à mistura de púlpito e prefeitura. Pois bem, eis que agora, anos depois, ele próprio resolve se deixar levar por uma efusão de cumplicidade com Malafaia. A cena virou munição para quem nunca gostou do prefeito, que levantou os braços, triunfante: “Viu só? Eu dizia!” Mas também virou motivo de perplexidade para quem confiava nele, votava nele e até integrava sua base de apoio. O choque foi generalizado.
E o que significa esse gesto? Foi conivência política? Foi cálculo eleitoreiro? Ou será que estamos diante de uma amizade íntima revelada em cadeia nacional? O fato é que grande parte do eleitorado de Paes ficou atônita. A confiança do carioca, já calejada, agora vacila: até que ponto se pode acreditar num prefeito que, em vez de se distanciar, resolve se abraçar com uma das figuras mais controversas da cena pública brasileira?
O vídeo, é claro, já entrou para o arquivo eterno da internet. Não importa o que Eduardo Paes venha a dizer no futuro: estará sempre lá, para ser revisto, compartilhado, remixado. Qualquer eventualidade do destino de Silas Malafaia, como uma prisão, um escândalo, um processo, carregará consigo o eco dessa frase: “Mexeu com o Malafaia, mexeu comigo!” É a sentença que ninguém pediu para ouvir, mas que o prefeito fez questão de deixar registrada contra si mesmo. Cabe agora ao pref´s, rezar, orar para que Malafaia não faça nada pior do que já vem fazenda.
No fim, a imagem de Eduardo Paes não sai apenas arranhada; sai redefinida. Há um antes e um depois desse microfone aberto, um divisor de águas entre o prefeito que se dizia moderno e o político que agora se declara amigo de fé de Malafaia. E como na vida pública tudo se cristaliza em símbolos, Paes selou o seu: um vídeo que talvez pese mais que qualquer Igreja mal inaugurada. Porque, afinal, nem todos os queixos caídos do Rio serão erguidos aos céus, tão cedo, depois dessa…
